Congressos do SINPRO-SP são propostos pelos próprios professores e dirigidos aos professores. É outro dos compromissos da Chapa1 com atividades que dão conta da complexidade da nossa profissão
A atividade sindical tem tudo a ver com a natureza de cada uma das profissões que ela envolve: um sindicato não esgota sua atividade nos limites das questões trabalhistas, elas próprias parte inseparável das práticas de cada ofício. A luta de médicos, engenheiros, advogados, arquitetos extrapola os limites da sua legislação corporativa específica e se insere no projeto que essas profissões constroem a partir de seu lugar e importância na sociedade. Com as professoras e com as professores acontece a mesma coisa, mas de forma ampliada, levando em conta que nossa profissão é aquela cuja dimensão social é a mais ampla de todas; seu vínculo com a Educação, entendida aqui como o complexo da práxis reflexiva universal, reitera sua função formadora em todos os campos de atividade.
É essa percepção que convence os integrantes da Chapa 1 da amplitude da plataforma de ação do SINPRO-SP: ela deve contemplar o compromisso de que a formação pedagógica crítica da nossa própria categoria é pauta sistemática das atividades promovidas pelo sindicato: seminários, cursos, congressos, publicações, que tenham como foco um fato incontornável: são as professoras e os professores que devem assumir, pela via da nossa entidade, parte da tarefa de sua qualificação e comprometimento com uma Educação desvencilhada de interesses mercantis, desfigurada por um projeto que pouco emancipa os alunos e que prioriza uma visão mercadológica, funcionalista e individualizada do mundo.

A Chapa 1 alimenta em relação a esse conjunto de questões uma visão utópica e bastante concreta que dá suporte ao seu projeto: a Escola como espaço de reflexão humanista e os educadores como artífices dessa perspectiva. Somos de opinião de que nossa categoria terá mais consciência para si e, portanto, maior disposição de luta na defesa e na ampliação de seus direitos coletivos quanto maior for sua compreensão da função transformadora que desenvolve; possuidora de seu projeto e não mero instrumento operacional em benefício de seus patrões.

Nos últimos anos, o SINPRO-SP tem desenvolvido uma rica experiência em torno dessa amplitude de seu compromisso: além dos congressos realizados anualmente que reúnem especialistas qualificados nas temáticas desses eventos, ao mesmo tempo em que se constituem em espaços para que os próprios professores apresentem publicamente a produção que resulta de sua reflexão teórico-aplicada, uma série de outras iniciativas vêm trazendo para o interior do sindicato cursos de extensão e de qualificação cujas propostas estão longe de reproduzir o projeto de adestramento com o qual as escolas constrangem seus docentes. Para que se tenha uma ideia do alcance dessa prática, nos últimos anos uma média de 1.000 companheiros e companheiras frequentaram anualmente, em escolhas variadas, os cursos que são oferecidos pelo Sindicato.

Embora o MEC tenha negado o reconhecimento oficial como curso lato sensu do projeto Escola do Professor, toda essa diversidade de propostas foi abrigada por ela, o que permitiu sua forte organicidade. Agora, em vista da experiência acumulada com essa atividade, a Chapa 1 propõe a sua retomada com a participação da massa crítica de educadores integrantes da nossa própria categoria, além da continuidade na oferta dos cursos regulares dirigidos ao aperfeiçoamento didático-pedagógico de professoras e professores.
A ação do SINPRO-SP, a exemplo do que vem acontecendo nos últimos anos, precisa ser ininterrupta e desenvolvida em várias direções, sempre com o objetivo estratégico de colocar professoras e professores como sujeitos de suas práticas.
Esses desafios estão fortemente presentes ainda mais na atualidade face ao processo de concentração econômica que avança sobre todos os níveis de ensino. Inicialmente, objeto de especulação financeira de grupos poderosos nacionais e internacionais, foi no ensino superior onde a instrumentalização do trabalho docente foi mais atingida, inclusive como consequência da forma meramente instrumental da expansão da EAD. Neste ano de 2018, o que se observa é a expansão da concentração econômica por esses mesmos grupos na direção da Educação Básica com os mesmos efeitos perversos. Esse processo, que descaracteriza o projeto de uma Escola comprometida com o desenvolvimento e coloca para toda a nossa categoria a tarefa de promover uma ampla intervenção nos rumos da Educação Nacional – fato que amplia o horizonte da ação sindical. Os objetivos decorrentes dessa percepção fazem parte da proposta de atuação da Chapa 1.